“Nada é. Tudo está.”

10/01/2011

O amor a si mesmo


Ame a si mesmo." Buda

Algumas pessoas não entendem muito bem quando falo do amor a si mesmo. Aprendemos desde cedo que amar a si mesmo é uma forma de egoísmo ou egocentrismo. A grande maioria de nós não conhece o amor verdadeiro, o amor recebido por sermos exatamente o que somos, o amor que tem o poder de aquecer nossos corações e nos colocar em contato com nossas almas.

Nascemos e aprendemos uma série de coisas a respeito da vida e muitas vezes nos ensinam coisas a respeito de nós que, somente quando adultos percebemos que grande parte do que aprendemos é reflexo das fantasias e frustrações de nossos pais. 
Crescemos pressionados pela necessidade de atender anseios que não são nossos, de cumprir funções e tarefas que não contém nem uma gota sequer de identificação com o que de fato somos ou queremos para nós. Como sobrevivemos a tantos padrões, tantos recalques e frustrações, tanta angústia? 
Aprendemos sim a sufocar nossos desejos mais caros, nossos mais belos sonhos, nossas mais raras fantasias, em nome da aceitação, da sobrevivência, da necessidade de sermos aceitos e amados. E assim aprendemos a respirar pouco, a não exteriorizar nossos desejos, a não nos amar de fato. 
Todos  possuímos marcas profundas em nossos corações produzidas pelo desamor e pela falta. Até o dia que tudo em nós começa a adoecer. Nossos olhos perdem o brilho e nossa vontade se enfraquece. Como amar a si mesmo? Como faço isso? 
Amar a si mesmo é como uma viagem de aventuras, de descobertas, pelo menos deveria ser. É uma tarefa dolorosa muitas vezes, pois nesse percurso quase sempre nos deparamos com todos os limites que impusemos a nós, por não acreditarmos em nossas capacidades, em nossos verdadeiros potenciais, por termos paralisados de medo de viver e de morrer.
Amar a si mesmo é muito, muito difícil, porque quase sempre esbarramos em estereótipos criados pelo status quo, por antigas vozes e olhamos no espelho na tentativa, às vezes desesperada, de entender e quem sabe descobrir alguma qualidade que mereça admiração. Mas muitas vezes encontramos somente o desespero e a tristeza, resultado do vazio que inventaram e chamaram de vida.
A maioria das mulheres aprendeu durante sua história a amar seus filhos, seus maridos, seus pais, a Deus, mas nunca a si mesmas. Muitas mulheres ainda hoje buscam em si a imagem da mulher ideal para que lhes seja permitido o amor. E os homens, assim que nascem aprendem que, para serem honrados como homens devem amar e sustentar suas famílias, seus pais e seus trabalhos.
Muitas pessoas escrevem para mim, na esperança de que eu tenha uma resposta clara e efetiva com relação ao amor e relacionamentos. Penso muito sobre toda dificuldade que existe na maioria deles, mas cada vez mais me convenço que depende do quanto cada um está disposto a amar a si mesmo, para que o amor deixe de ser algo tão complicado.
Como já disse, amar a si mesmo é uma viagem de aventuras. E para embarcar nessa aventura é preciso estar disposto a encarar toda sorte de acontecimentos interiores e conforme nos ensina a lei da sincronicidade, exteriores também. Todo amor que conhecemos envolve desejo e paixão, e muitos de nós fecham seus corações na esperança de se protegerem. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é que se nos fecharmos e fugirmos do amor e do possível sofrimento que ele pode nos trazer, nos fechamos para a possibilidade maior, de nos tornarmos um canal do amor maior, nos impedimos de amar o Todo, a humanidade.
Aprenda a amar a si mesmo, não um amor narcisista, mas o amor e o respeito gentil àquilo que você é, ao Deus que vive dentro de você. Aprenda a ser amoroso com você, a se fazer mais carinho, a se permitir fazer o que gosta, a se olhar como um ser sagrado que você é. Você é uma fonte criadora em conexão direta com a Fonte Maior. Quando você não ama a si mesmo, você se torna um mentiroso com relação ao amor maior. 
Se você é caridoso com os outros e não com você, há uma espécie de ego espiritual nessa atitude. É uma forma de se sentir superior. E onde tem ego, não tem amor, como diz Osho. Mas, infelizmente, quase todo amor é narcisista. O amor a Deus e ao universo envolve o amor a si mesmo, pois você só poderá ser parte do todo se tiver um grande amor e respeito ao Deus do teu coração.
Não permita que outros te façam sentir menos do que você é: um ser sagrado. Aprenda a se amar, sinta a energia que pulsa em torno de você, procure observar suas reações, sentimentos e pensamentos e transforme-os, caso estejam impregnados de desamor. Esqueça tudo o que você ouviu a seu respeito e construa uma opinião própria, agora baseada na consciência, no auto-conhecimento e na auto percepção. Comece o dia agradecendo quem você é, o que você conseguiu com seus esforços. E se ainda não se sente como gostaria, pare neste exato momento de focar sua energia naquilo que não conseguiu, na falta, nos buracos que a vida deixou pela ausência absoluta de amor e consciência. 
Olhe sem medo para o que deseja ser e fazer, e planeje a forma que deseja construir de fato a sua felicidade. Você já se condenou demais, pare já de se machucar, se auto punir, se culpar. Quando você se olha e enxerga além de seu corpo e de seu rosto, quando você consegue entender que todo Universo é feito da mesma energia e que fazemos parte desse Todo, o auto-respeito e o amor próprio começam a brotar como uma plantinha pequena e delicada dentro de seu coração. 
Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, lembra? Trazemos dentro de nós uma partícula da Divindade. E por isso somos criadores de novos estados de espírito, novos pensamentos e sentimentos, de novas histórias de vida. 
Compre uma imensa tela e comece a pintar a sua nova história que começará a ser criada quando você decidir arregaçar as mangas e começar a trabalhar na construção de uma nova realidade. Você só precisa acreditar que tem esse poder e se permitir, por amar a si mesmo, uma vida repleta de paz, amor, saúde e prosperidade.

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